Olá, pessoal! Hoje o papo é mais sério e muito importante.
Atos de violência contra a mulher ocorrem a todo momento e têm aumentado cada vez mais, infelizmente, não só no setor imobiliário, mas em todas as áreas, e isso precisa ser debatido. Por isso, vamos falar um pouco sobre o assunto e as medidas que podemos adotar no nosso dia a dia para tentar acabar com esse problema.
Tenho divulgado nas redes sociais e falado muito sobre violência contra a mulher, principalmente contra as corretoras. Mulheres corajosas, guerreiras, que todos os dias vão à luta e se doam em seu trabalho, mas que se sentem ameaçadas na sua rotina profissional.
As transformações nos padrões de comportamento e valores referentes ao papel social da mulher foram intensificadas pelo impacto dos movimentos feministas e pela crescente presença feminina nos espaços públicos e profissionais. Com isso, o debate sobre a violência contra a mulher e outras pautas sobre gênero ganharam força nos últimos anos.
Todos os dias milhares de mulheres são vítimas de diversos tipos de violência seja em casa, no trabalho ou nas ruas. Essa realidade é fruto de uma cultura social ainda machista, patriarcal e sexista, na qual a figura feminina ainda é subjugada, silenciada e, muitas vezes, até assassinada.
Estatísticas alarmantes

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, elaborado pelo Fórum Brasileiro Segurança Pública (FBSP), 648 mulheres foram vítimas de feminicídio apenas no primeiro semestre. O índice representa aumento de 1,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. No Brasil, em 2019, uma agressão física foi registrada a cada dois minutos, e um estupro a cada oito. Só o estado do Rio de Janeiro tem em média mais de 90 mulheres agredidas todos os dias, segundo dados do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP-RJ). Sem contar que, devido à pandemia de Covid-19, houve aumento na subnotificação, tendo em vista a dificuldade de registro pelas mulheres, muitas vezes em situação de violência doméstica e convivendo mais intensamente com seu agressor. Na pandemia, a crise econômica se intensificou, atingindo principalmente o público feminino, as relações de trabalho foram alteradas, assim como as relações de poder. Portanto, isso faz com que as desigualdades de gênero no trabalho e a violência contra a mulher também sejam mais evidenciadas.
A violência ameaça não só a saúde física e psicológica, mas também os direitos humanos e a dignidade.O Brasil já deu importantes passos no combate à violência contra a mulher, como a promulgação da Lei Maria da Penha, o aumento do número de Delegacias da Mulher e a e a lei que incluiu o feminicídio como qualificadora do homicídio no Código Penal Brasileiro, mas o problema ainda está longe de acabar. É importante saber que as leis protegem as mulheres não apenas das agressões físicas, mas também de outros tipos de violência: a que fere a autoestima, que intimida suas ações, que ridiculariza e limita seus direitos como cidadã.
Violência no ambiente de trabalho e o incentivo às mulheres
No ambiente de trabalho, as mulheres são as que mais sofrem assédio moral e sexual. Segundo o Instituto Patrícia Galvão, 40% delas dizem que já foram xingadas ou já ouviram gritos no trabalho, contra 13% dos homens. Dentre os trabalhadores que tiveram seu trabalho excessivamente supervisionado, 40% também são mulheres e 16% são homens.

É triste saber também que, no setor imobiliário, a realidade não é diferente. Nós, corretoras, temos um trabalho muito vulnerável, principalmente porque fazemos visitas a imóveis sozinhas com os clientes. No Brasil, são relatados muitos casos de assédio, tentativas de estupro durante as visitas, propostas sexuais em troca de fechamento de negócio, falta de respeito nas vendas por telefone e várias outras formas de violência praticadas por falsos clientes ou até mesmo por colegas de trabalho do sexo masculino.
Uma boa notícia é que, ao longo dos últimos anos, as empresas têm feito progressos consideráveis na busca da valorização e proteção da mulher no ambiente de trabalho, além da paridade de gênero, adotando práticas de contratação e incentivo à diversidade. Mesmo assim, o desequilíbrio existente entre homens e mulheres é notório quando levamos em consideração salários, cargos (principalmente de chefia), carga horária, condições de trabalho, entre outros fatores.
No mercado imobiliário, a atuação feminina tem crescido consideravelmente. Na RE/MAX, por exemplo, 48% do time brasileiro de corretagem são mulheres e, em 2020, ficamos em 11º lugar no ranking das melhores empresas para mulheres trabalharem da revista Forbes. Aqui, valorizamos as pessoas, investimos pesado em treinamento e desenvolvimento pessoal e profissional, com foco em nossos corretores e corretoras, reconhecendo a importância das mulheres para o desenvolvimento do nosso negócio.

Também já falei um pouquinho para vocês sobre o Women – Global & Powerfull, projeto exclusivo para mulheres. Uma sala virtual, onde recebo mulheres globais e poderosas para um bate-papo sobre diversos temas. Lá, nos despimos, descemos do salto e retiramos a maquiagem. Somos apenas mulheres com sonhos grandes que compartilham ideias, visões, estratégias empreendedoras, dores e dificuldades, apoiando umas às outras. O objetivo é inspirar as mulheres, incentivar seus negócios e, principalmente, ouvir uma à outra.
Algumas práticas preventivas no dia a dia
Precisamos mudar urgentemente as práticas no ambiente de trabalho e realizar ações efetivas de combate à violência contra a mulher. É importante que as empresas tenham uma cultura de repúdio às condutas abusivas, machistas, desrespeitosas e discriminatórias contra a mulher, proporcionem um ambiente acolhedor e incentivador, promovam a igualdade, a diversidade de gênero e o engajamento de seu time nessa causa. O problema só será resolvido com o envolvimento não apenas das mulheres, mas de toda a sociedade e, principalmente, com a sensibilização e conscientização dos homens.
Para as corretoras, é importante estarmos atentas ao perfil do cliente, principalmente do sexo masculino, pois ele pode ser um bandido disfarçado. E, para nos protegermos e termos uma rotina de trabalho mais segura, aqui vão algumas dicas fundamentais:
- Não faça visita sem preencher a ficha obrigatória
Você sabia que a ficha de vista é a prova de sua intermediação? Ela é suficiente para proteger seu negócio e sua integridade física, pois acho que um bandido não fornecerá seus dados, ou pelo menos terá dificuldades nos detalhes.
- Preencha os dados completos
Não se esqueça de inserir na ficha de visita o número do CPF do cliente e confirmar os dados no site da Receita Federal ou em sites de cadastro.
- Faça perguntas sobre a capacidade de pagamento
Pretende vender algum imóvel para comprar este? Possui quanto em recursos próprios para dar um sinal e princípio de pagamento? Pretende financiar? É cliente de qual banco? Assim, a pessoa pode cair em contradição ou nem saber a resposta, dando pistas se está realmente interessada em um imóvel.
Meninas, não é vergonha nenhuma qualificar o cliente que você está atendendo. Queremos intermediar a venda com o mínimo de inconveniência para os proprietários, então não hesite em perguntar. Se o cliente estiver realmente interessado na compra, ele vai te responder. Então, não visite com quem não sabe o que quer, quem não deseja fornecer dados ou não quer assinar a ficha de visita, que é documento obrigatório. Isso vai te proteger e tornar o seu negócio mais assertivo e seguro. E, em caso de qualquer situação suspeita ou desconfortável, não hesite em denunciar, disque 180, a Central de Atendimento à Mulher, e comunique imediatamente aos seus gestores.
Pensando ainda no nosso dia a dia de trabalho e preocupados com a violência contra a mulher, elaboramos uma cartilha informativa para auxiliar você, mulher corretora e também outras profissionais, a reconhecer os tipos de violência, saber algumas medidas de cuidado e prevenção, e as principais ações imediatas a serem tomadas em caso de atos violentos. É só clicar aqui para baixar o material. Compartilhe com as amigas e colegas de trabalho e vamos aumentar cada vez mais nossa rede de acolhimento.
Você também tem alguma sugestão de ações preventivas ou quer contar sua experiência? Deixe seus comentários e vamos falar mais sobre esse assunto tão importante.

Forte abraço,
Glauce Santos
Diretora Regional
RE/MAX Rio de Janeiro Norte.
[…] do homem em relação à mulher. Essa crença pode levar a práticas discriminatórias e até violência de gênero em vários âmbitos, inclusive no trabalho. Algumas atitudes machistas são: […]